Para quem tiver acesso ao canal cultural franco-alemão «Arte», uma recomendação. Vai passar na quarta-feira próxima, com início às 19:30, a segunda parte do filme «Shoah» de Claude Lanzmann, realizado em 1985.
O filme dura cerca de 9 horas e por isso foi dividido em 2 partes. Continua a ser “o filme” sobre o Holocausto perpetrado pelos nazis. Acima de tudo um filme sobre até onde pode ir a (des)humanidade, o ódio, a indiferença face ao horror.
Lanzmann que é hoje o director da revista “Les Temps Modernes” fundada por Sartre e Simone de Beauvoir a seguir à guerra, está, aliás, envolvido agora numa polémica a propósito dum livro sobre a “heroicidade” dum polaco (não me lembro agora o nome) ao proteger judeus perseguidos pelos nazis na Polónia.
Como sabemos até existem “protectores” desses que vão ser”promovidos” a santos…
O filme de Lanzmann é certamente um dos “documentos de memória” mais impressionantes que se produziram. Um murro, bem mais violento que os que se podem apanhar no estômago – este vai bem mais fundo. Pena eu não poder gravar: de cada vez que estivesse chateado com as tricas e “merdices” do dia a dia ia vê-lo. Não percam!
Terça-feira, 26.Jan.2010 at 01:01:44
Só para avisar que falta um h no título. É shoah e não shoa.
Quarta-feira, 27.Jan.2010 at 06:01:52
Claro.ObrigadoEscrever à pressa para ter ocasião de avisar dá estes resultados.De qualquer modo ficou o aviso.se não via,veja.Não se vai arrepender.JVJ
Quarta-feira, 03.Fev.2010 at 08:02:58
Vi esse filme de Lanzmann duas vezes, quando era jovem adolescente e há pouco tempo (consegui puxa-lo integralmente da net). Ora, ambas as vezes me fez chorar mas por motivos diferentes. Há 20 anos porque, à sua semelhança, achei que era um documento inquietante sobre o horror nazi e o holocausto. 20 anos depois, fez-me chorar por achar que era um documento inquietante sobre a propaganda e a manipulação. Certifico-lhe que não sou nem tenho nada a ver com essa corrente revisionista e não sou anti-semita nem anti seja o que for. Mas veja esse documentário atentamente e com algum distanciamento emocional. Veja bem e preste atenção a todos os pormenores. Veja como é possível manipular as emoções somente sugerindo o que n-ao existe(não me refirio à não existência do holocausto, só da não existência de matéria documental). Preste atenção à forma como Lanzmann manipula as pessoas que entrevista, as imagens, os tempos. E veja o vazia de sentido que a maioria das testemunhas apresentam. O interessante desse pseudo documentário é que tanto fornece material ao revisionistas como aos defensores dogmáticos. O poder da imagem…
Uma coisa é certa, Lanzmann é poderoso!