Um texto de Jorge Martins (*)
Lisboa, Convento de S. Domingos, 19 de Abril de 1506, domingo de Pascoela cristã, três horas da tarde. A peste assolava a capital desde Outubro do ano anterior, situação dramaticamente ampliada pela seca e pela fome. O rei D. Manuel I refugiara-se em Abrantes. As ruas exibiam os horrores da tragédia. O convento estava repleto de desesperados cristãos – velhos e novos – esperando um sinal divino que acudisse àqueles que não tinham posses ou condições de fuga. Constava que um milagre se manifestara no dia 15 desse mês naquele templo dominicano. A vontade de crer era demasiado forte para descrer em qualquer sinal, por pequeno ou inacreditável que fosse.
O sinal implorado com toda a convicção repetiu-se. Uma luz brilhou, incandescente, no crucifixo da capela da Igreja. Todos viram. Todos rejubilaram. Todos se sentiram recompensados pela crença profunda e sincera. Todos? Não. Na verdade, houve um que ousou duvidar da natureza divina da luz. Segundo ele, a luz provinha de uma das muitas candeias acesas naquele convento. Era um cristão-novo: heresia!
A situação criada com o baptismo forçado, em 1497, era explosiva. Qualquer sinal de hipotético judaísmo poderia gerar a animosidade cristã. Na verdade, cristão-novo – converso convicto ou não – permanecia eternamente judeu aos olhos da população maioritariamente cristã. Foi nesta conjuntura, favorável ao antijudaísmo, que o citado cristão-novo cometeu a imprevidência. Mal proferiu a contraproducente «blasfémia», o povo caiu sobre ele, arrastou-o para a rua e agrediu-o barbaramente até cair inanimado. Prostrado no Largo de S. Domingos, foi identificado pelo irmão, que se debruçou sobre o seu cadáver e gritou lancinantemente: «Quem matou meu irmão?!». Acto contínuo, foi igualmente executado pela turba, que, de pronto, acendeu uma fogueira e queimou os dois infelizes cristãos-novos. Num clima de intolerância crescente, surgiu um frade que proferiu um inflamado sermão antijudaico, enquanto o povo se aglomerava em torno da «redentora» fogueira, aos quais se juntariam mais dois frades dominicanos, Frei João Mocho e Frei Bernardo, exibindo o crucifixo «milagreiro» e fazendo apelos sanguinários contra os judeus: «Heresia! Heresia! Destruam o povo abominável!…».
E assim se espalhou o povo pelas ruas de Lisboa, procurando cristãos-novos que passavam desprevenidos, forçando a entrada nas suas casas, capturando aqueles que se haviam recolhido nas igrejas, carregando mortos e vivos para as fogueiras que se acendiam na capital. Foram três dias de terror, pilhagem e carnificina, de que resultariam, de acordo com os cronistas coevos, entre dois e quatro mil mortos.
O cronista Damião de Góis relatou assim este horroroso episódio:
“A esta turma de maus homens e dos frades, que sem temor de Deus andavam pelas ruas, concitando o povo a esta tamanha crueldade, se ajuntaram mais de mil homens da terra, da qualidade dos outros, que todos juntos a segunda-feira continuaram nesta maldade com mor crueza e, por já nas ruas não acharem nenhuns cristãos-novos, foram cometer, com vaivéns e escadas, as casas em que viviam, ou onde sabiam que estavam e, tirando-os delas a rasto pelas ruas, com seus filhos, mulheres e filhos, os lançavam, de mistura vivos e mortos nas fogueiras, sem nenhuma piedade e era tamanha a crueza que até nos meninos e nas crianças que estavam no berço a executavam, tomando-os pelas pernas fendendo-os em pedaços e esborrachando-os de arremesso nas paredes”.
Embora tardiamente, o rei castigou duramente o povo de Lisboa: sentenciou os responsáveis pela chacina a penas corporais e à perda dos seus bens a favor da Coroa; mesmo os que não tivessem participado no massacre e no saque perderiam um quinto dos seus bens; suspendeu a eleição dos representantes da Casa dos Vinte Quatro e dos seus quatro representantes à vereação municipal lisboeta; retirou as honrarias da cidade; mandou executar cerca de meia centena de amotinados e os dois frades dominicanos, frei João Mocho e frei Bernardo, verdadeiros instigadores do massacre.
(*) Biografia de Jorge Martins
Quarta-feira, 18.Jun.2008 at 03:06:17
É sabido que naqueles dias de Abril de 1506, Lisboa foi palco de um grande surto de Peste Negra (Bubónica) que ceifava mais de 100 vidas por dia. Também é verdade que a Igreja Católica autorizava a cremação de corpos em circunstâncias extraordinárias como por exemplo durante os anos da peste. Ter-se-á dado o caso do «massacre» de Lisboa ter sido simplesmente a cremação dos mortos vítimas da peste (mais de 100 por dia), por forma a evitar a propagação da doença?
a) Como é que se explica que, segundo Damião de Góis, «mais de quinhentos marinheiros de naus vindas da Holanda, Zelândia, Alemanha e outras paragens, se tenham conluiado e começado a matar os Cristãos-novos que encontravam pelas ruas»? Como é que simples marinheiros [não militares] de países diversos tiveram a ousadia de invadir a capital de um país estrangeiro, assassinando, queimando e saqueando milhares de cidadãos que eles «adivinharam» ser Cristãos-novos?
b) E porque razão é que, ainda segundo Damião de Góis, «os estrangeiros que, [após a matança] se acolheram nas suas naus com os roubos e despojos, e seguiram nelas cada qual o seu destino, tiveram a [especial] preocupação de trazer os corpos, mortos [que eles tinham assassinado] e queimá-los em fogueiras que acendiam na ribeira (do Tejo) e no Rossio»? Porquê a preocupação dos malfeitores em trazer os cadáveres das suas vítimas para locais específicos, cuidando ainda de empilhá-los e de queimá-los, chegando alguns «mercadores Alemães a pagar a lenha para a fogueira»?
Incineração de cadáveres – intolerância religiosa ou prevenção epidémica?
Quarta-feira, 18.Jun.2008 at 05:06:47
Infelizmente não me é possível agora responder com detalhe ao comentário anterior. Eventualmente, outros o farão muito melhor do que eu o poderia fazer. Lembro apenas que as releituras da história – que até podem ser legítimas – se não podem fazer manipulando as fontes, isolando-as de outras ou lendo-as a bel-prazer, com vista a chegar-se a conclusões que foram previamente definidas. Menos ainda lendo ocorrências do século XVI de acordo com parâmetros culturais e padrões comportamentais do século XXI. Ou retornando a outros, que estiveram em voga na década de 1930.
Quarta-feira, 18.Jun.2008 at 05:06:16
Parabéns, Diogo! Você conseguiu uma versão inédita e inacreditável do massacre judaico de 1506. Claro que isso contraria a opinião de notáveis historiadores como Damião de Góis – o mesmmo que você cita, mas cuja explicação sobre o massacre não expõe -, Alexandre Herculano e Mendes dos Remédios, só para citar alguns historiadores não judeus.
Ou será que quer refazer a história à medida da sua vontade? Ou será que dói – porque dói mesmo! – reconhecer aquele crime hediondo que os monges dominicanos instigaram? Vá até ao Largo de São Domingos, leia as palavras do Cardeal Patriarca de Lisboa, inscritas no memorial católico ao massacre, entre na Igreja e medite em tudo o que viu e tente recuar 500 anos e imaginar aquele acontecimento bastamente documentado.
Obrigado Rui Bebiano pela referência implícita aos negacionismos, que agora até estão a tentar apagar o Holocausto.
Jorge Martins.
Quarta-feira, 18.Jun.2008 at 11:06:08
Caro Jorge Martins, aabemos que:
– Quase nenhuns historiadores fizeram referência ao «massacre – um pedaço de vergonha esquecida que não está nos livros de História», e dos que o fizeram, um tinha 4 anos, outro foi um judeu que chegou alguns dias depois, outro foi um anónimo alemão, outro foi um cabalista, etc.
– Que havia naqueles dias um surto de Peste Negra em Lisboa que segundo as testemunhas da altura estava a matar mais de cem pessoas por dia.
– Que a Igreja Católica autorizava a cremação de corpos em circunstâncias extraordinárias como a peste, para evitar epidemias.
– Que os malfeitores se deram ao ingrato trabalho de recolher os cadáveres «das suas vítimas» e transportá-los para um ou dois locais para serem incinerados.
– Que nos autos-de-fé da inquisição se queimavam pessoas vivas nas fogueiras e não cadáveres. O objectivo era o suplício.
Deixo-lhe uma questão – porque é que os assassinos se deram ao trabalho de recolher os cadáveres, transportá-los para locais específicos, empilhá-los e queimá-los, quando podiam alegremente andar a caçar mais Cristãos-novos, a chaciná-los e a roubarem-nos?
Acha que faz sentido?
Quinta-feira, 19.Jun.2008 at 09:06:18
Caro Diogo,
Você aborda a História como se de um episódio do CSI se tratasse. Levanta hipóteses absurdas sem qualquer fundamento documental, o que não é um bom começo de explicação de um episódio que está confirmado por fontes diversas.
Na verdade, essas fontes existem e entre elas há testemunhos judaicos, obviamente. Mas, isso parece incomodá-lo, o que é revelador do que, no fundo, o motiva a escrever: confesse lá que o seu problema é a “vitimização” dos judeus”; que, no fundo, eles não são “flores que se cheirem” e que se foram perseguidos é porque alguma coisa fizeram. Vá lá, assuma o anti-semitismo que está implícito na sua negação do massacre. Não custa nada. Há tantos anti-semitas, que mais um não vai trazer nenhum mal ao mundo.
A sua opinião está eivada de incongruências e inverdades. Por exemplo, não aceita as explicações de historiadores como Damião de Góis porque ele não assistiu ao massacre. Então, tudo o que ele escreveu não é credível e você arranjou um grande problema para todos os historiadores que o utilizam há séculos. Aliás, você serve-se dele para garantir que havia um surto de peste em 1506, que chegava a vitimar uma centena de pessoas por dia. Então, e a descrição do massacre que ele faz já não é credível?
Você fala de um judeu e de um cabalista como fontes sem crédito, o que é revelador do que está na sua mente. Claro que isso implicaria que tudo o que um historiador cristão escrevesse sobre Portugal seria de desprezar. Ou será que os cristãos são verdadeiros e os judeus são mentirosos?
Insinua que uma fonte anónima também não é credível. Aconselho-o a inscrever-se num curso de História, onde possa aprender metodologia e, já agora, que nos autos-de-fé não se queimavam só pessoas vivas. Faço-lhe só um pequeno desafio: tente saber como “saiu” o Cavaleiro de Oliveira no auto-de-fé de 1761.
Como se está a ver, isto não é realmente um debate de opiniões diferentes. Talvez a leitura sobre o “milagre de Ourique” ou as “aparições de Fátima” sejam mais adequadas às reflexões místicas que faz em torno da História. Em consequência, encerro aqui as minhas respostas aos seus comentários.
Melhores cumprimentos,
Jorge Martins.
Quinta-feira, 19.Jun.2008 at 11:06:40
Caro Jorge Martins,
Não me parece que eu esteja a levantar quaisquer hipóteses absurdas sem qualquer fundamento documental.
Palavras textuais de Damião de Góis: «Ao alvoroço acudiu muito povo a quem um frade dirigiu uma pregação incitando contra os Cristãos-novos, após o que saíram dois frades do mosteiro com um crucifixo nas mãos e gritando: “Heresia! Heresia!” Isto impressionou grande multidão de gente estrangeira, marinheiros de naus vindos da Holanda, Zelândia, Alemanha e outras paragens. Juntos mais de quinhentos, começaram a matar os Cristãos-novos que encontravam pelas ruas, e os corpos, mortos ou meio-vivos, queimavam-nos em fogueiras que acendiam na ribeira (do Tejo) e no Rossio. Na tarefa ajudavam-nos escravos e moços portugueses que, com grande diligência, acarretavam lenha e outros materiais para acender o fogo. E, nesse Domingo de Pascoela, mataram mais de quinhentas pessoas.»
Quanto aos historiadores Alexandre Herculano e Mendes dos Remédios, relembro-lhe que o primeiro viveu de 1810 a 1877 e o segundo viveu entre 1867 e 1932. Quais foram as fontes destes historiadores?
E sobre os historiadores Solomon Ibn Verga e Samuel Usque:
Retirado do site JewishEncyclopedia.com:
Historiador e médico espanhol, Solomon Ibn Verga, viveu durante os séculos XV e XVI (…) viveu em Lisboa como Marrano (judeu espanhol ou português forçado a converter-se ao cristianismo na Idade Média e que geralmente mantinha a sua identidade judaica escondida), e que foi testemunha do massacre de Lisboa. Mais tarde, Solomon fugiu para a Turquia onde escreveu “Shebeṭ Yehudah”, uma descrição das perseguições aos Judeus nos diferentes países e épocas. A obra “Shebeṭ Yehudah”, contém uma descrição de 64 perseguições, além de narrativas de muitas controvérsias e uma descrição de costumes Judeus em diferentes países.
A “Shebeṭ Yehudah” foi pela primeira vez impressa em 1550. O valor histórico dos dados contidos em “Shebeṭ Yehudah” tem sido seriamente colocado em dúvida por Isidore Loeb (“R. E. J.” xxiv. 1 et seq.). Loeb sustenta que, embora um escritor original, Solomon Ibn Verga não é sempre confiável, e que algum do seu material pertence ao domínio da lenda. Solomon Ibn Verga estava especialmente interessado em controvérsias religiosas entre Judeus e Cristãos. Mas mesmo estas parecem ser fictícias – com a excepção, talvez, da que aconteceu em Tortosa. A “Shebeṭ Yehudah” é, contudo, valiosa pelo folclore judeu e pelas tradições populares que contém.
O único dos contemporâneos de Solomon Ibn Verga que utilizou o seu trabalho parece ter sido Samuel Usque, na sua “Consolação às Tribulações de Israel ” [The only one of Verga’s contemporaries that made use of his work seems to be Samuel Usque, in his ” Consolação às Tribulações de Israel ” (“R. E. J.” xvii. 270)].
Nem o ano de nascimento de Samuel Usque nem o da sua morte pode ser confirmado com alguma certeza. Sabe-se que nasceu em Lisboa nos princípios de 1500 (o «massacre» teve lugar em 1506), que fugiu à Inquisição para Itália em meados do século, e que morreu com sessenta e tal anos em Safed, um centro de estudos cabalísticos na Galileia do norte.
O trabalho de Samuel Usque, Consolação às Tribulações de Israel (1553), apresenta uma configuração pastoral, um tom plangente, uma caracterização trágica e uma certa pecha para uma representação visual cabalística.
Portanto, quanto a historiadores credíveis, parece-me que estamos conversados. E quanto à peste:
Acontece que, por aqueles dias, Lisboa sofria os efeitos de uma gravíssima epidemia de Peste Negra (bubónica):
No site Memorial Brasil Sefarad: «Desde Janeiro de 1506 uma peste assolava Lisboa, sendo que sua intensidade em Abril era tanta que chegavam a morrer cento e trinta indivíduos por dia.»
No livro – Lisboa 1506, O Massacre Dos Judeus – que se considera o primeiro livro factual (non-fiction) em português, acerca do massacre em Lisboa, é afirmado que: «O massacre ocorreu durante o auge da peste (peste negra) quando mais de 100 pessoas morriam diariamente em Lisboa. (…) A certa altura havia um monte de 400 corpos no Rossio. A certa altura, mercadores Alemães pagaram a lenha para a fogueira, que se tinha esgotado [At one point there was a mound of over 400 dead bodies in the Rossio (the main square of downtown Lisbon). At one point, German merchants paid for wood for the pyre, which had run out].
De qualquer forma, um grupo de assassinos não está preocupado em recolher os corpos das suas vítimas, trazê-los para determinados locais e incinerá-los. O que Damião de Góis descreve é uma cremação em massa, não um auto-de-fé em que as pessoas são queimadas vivas. Uma cremação em massa faz todo o sentido quando morrem mais de 100 pessoas por dia com a Peste.
Quinta-feira, 19.Jun.2008 at 11:06:28
E ainda, caro Martins, não sou anti-semita e não tenho qualquer problema com a “vitimização” dos judeus”. Deixo-lhe um excerto de “A Indústria do Holocausto” de Norman Finkelstein
Reivindicar o carácter único do Holocausto é intelectualmente estéril e moralmente indigno e no entanto eles persistem em fazê-lo. Pergunta-se: porquê? Em primeiro lugar, porque um sofrimento que seja único confere direitos únicos. O mal inigualável do Holocausto, segundo Jacob Neusner, não só coloca os judeus numa posição à parte, como também lhes dá «um direito sobre os outros». Para Edward Alexander, o carácter único do Holocausto é um «capital moral»; os judeus devem «reivindicar a soberania» sobre «esta propriedade valiosa». […] Este dogma também conferiu carta branca a Israel: como os não judeus estão sempre prontos a matar os judeus, estes têm todo o direito de se proteger, sempre que achem adequado. Qualquer expediente a que os judeus possam recorrer, mesmo a agressão e a tortura, constitui legítima autodefesa. Deplorando a «lição do Holocausto» do eterno ódio dos gentios, Boas Evron observa que «é realmente equivalente a uma paranóia deliberadamente construída. (…) Esta mentalidade (…) desculpa à partida qualquer tratamento desumano em relação aos não judeus, porque a mitologia que prevalece é a de que ‘todos colaboraram com os nazis na destruição dos judeus’ e portanto tudo é permitido aos judeus na sua relação com os outros povos.»
Domingo, 22.Jun.2008 at 12:06:04
Tem graça: é a primeira vez que leio uma referência à justiça ordenada por D. Manuel.
Terça-feira, 12.Ago.2008 at 06:08:24
Meus caros amigos, o que de fato aconteceu no tal massacre( se é que houve massacre) somente Deus sabe! O resto é pura especulacao!
Terça-feira, 01.Set.2009 at 11:09:52
boa noite
esta questao do massacre esta muito mal estudada.sao comentarios e observaçoes superficiais de varios autores em epocas diferentes e com conceitos diversos a nivel ideologico e historico. num país que era considerado como de grande influencia judaica e de grande tolerancia com um rei como d.manuel que se apoiava em muitos aspectos em elites de origem judaica há algo que não bate certo.a historiografia portuguesa do sec. 19 tem muita culpa neste tipo de abordagem vitimizadora.houve muitos massacres ou chacinas ou o que lhe queiram chamar por toda a europa nesta época de judeus e não judeus.as populaçoes de outros credos e etnias tambem foram massacrados.é realmente um assunto que necessita de ser aprofundado em termos historicos esta questao de 1506 sem abordagens religiosas,etnicas ou ideologicas.a verdade tem de vir ao de cima como o azeite na agua.os interesses de quem quer que seja nao podem sobrepor-se á verdade.