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Acaba de ler a história do prédio situado na Rua António Maria Cardoso, em Lisboa, onde, durante décadas, funcionou a sede da PIDE. É assim que ela é contada no site do empreendimento de luxo «Paço do Duque», neste momento em fase de acabamentos.
Apetecia-me parar aqui – palavras para quê quando a indignação nelas não cabe.
Ninguém obrigava a imobiliária a escrever qualquer história do edifício, mas, ao decidir fazê-lo, correu um grande risco. Porque os novos inquilinos acabarão por saber o resto da história. Quando e como, interessa pouco – infelizmente, já não há grande pressa. Todos aqueles que não aceitaram que um lugar de tal modo ligado à memória histórica da ditadura tenha sido transformado em condomínio de luxo certamente que não se calarão.
Porque à noite, à hora da ceia, nada brilhava – ouviam-se gritos. As luzes não se reflectiam nos pratos do aparador – mantinham-se acesas para que os presos não adormecessem. E até provocavam alucinações. Ninguém envergava vestes de gala, mas sim roupa amarrotada e muitas vezes rasgada pelos actos de tortura.
P.S.– O link para este texto será enviado para o contacto indicado no site: pacododuque@temple.pt
(Também publicado em Entre as brumas da memória.)
Terça-feira, 21.Abr.2009 at 09:04:45
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