No seguimento do comunicado do NAM, aqui noticiado, passei hoje propositadamente pela Rua António Maria Cardoso, com o objectivo de verificar se a GEF-Gestão de Fundos Imobiliários, SA tinha cumprido o prazo para recolocação da placa. Já me vinha embora sem nada ver quando, quase por mero acaso, a descobri.
Bem à vista no passado, está agora, como a fotografia mostra (canto inferior direito), perto no chão e encoberta pelos carros estacionados.
Independentemente do que o NAM vier a decidir fazer, acabo de enviar o meu protesto, a título pessoal, para a imobiliária gef@gef.pt. Juntar-me-ei a todos os que quiserem levar esta batalha até ao fim: no mínimo, a placa tem de ser recolocada com a mesma visibilidade que tinha anteriormente. Para além de tudo o mais, não gosto de ser tomada por parva.
P.S. – Foi criada uma Causa no Facebook: «Exigir que a placa na sede da PIDE regresse ao seu lugar!». Quem estiver registado, pode aderir aqui.
Sábado, 26.Dez.2009 at 06:12:19
Uma vergonha! Junto a minha voz à indignação da Joana (e estou disponível para o que for preciso).
Sábado, 26.Dez.2009 at 07:12:51
Joana cumpriu a promessa. Obrigado. Parece que estão a gozar connosco. Ou a pensar que estamos numa de faz de conta. Acho bem que a direcção do NAM volte a contactar o dono da obra exigindo a pronta colocação da placa no local donde foi retirada. É preciso deixar claro que não deixaremos que “apaguem «ainda mais» a memória” da sede da PIDE e que atitudes como esta não deixarão de ter resposta dequada.
Sábado, 26.Dez.2009 at 07:12:36
Avancemos com um texto, para enviar para o dito do e-mail. Um texto simples e incisivo. E assinado depois por todos os que quiserem assinar.
Sábado, 26.Dez.2009 at 09:12:32
Obviamente, ninguém acreditou na boa-fé da Imobiliária, que estaria alegadamente à espera do fim das obras para recolocar a placa. Se não houvesse protesto cívico, não haveria placa…
Agora, mais do que nunca, são indispensáveis duas atitudes: a imposição da colocação da placa no seu legítimo lugar e o lançamento de uma iniciativa cívica para a concretização do memorial às vítimas da PIDE.
Quer uma quer outra, mas sobretudo a segunda deve ser lançada por todos – movimentos cívicos apoiantes e activistas não enquadrados por nenhum deles -, para que haja um amplo consenso popular sobre a natureza, o local exacto e o acompanhamento da sua execução.
Como muita gente tem defendido, será determinante que o memorial seja custeado, pelo menos parcialmente, por subscrição pública.
Domingo, 27.Dez.2009 at 08:12:26
Estou de acordo. Parece-me que, com a recusa e o protesto pela pequena manha do/s proprietário/s, se poderia reavivar a memória do que se passou naquele edifício e do seu significado.
Uma das muitas coisas possíveis seria, por exemplo, enviar em emails, para a empresa construtora, relatos pessoais de quem ali sofreu as solícitas atenções da Pide e que apareceram em comentários ou postes em Os Caminhos da Memória. Nesses emails seria referido que se procederia à informação dos actuais (?) ou futuros proprietários sobre o que anteriormente tinha acontecido no espaço daquelas suas casas. Distribuir esses textos pela blogoesfera. Reanimar a participação nos mídias sobre esse passado. Quando houve, há bastantes anos, um movimento contra a energia nuclear, colocaram-se anúncios largos, com muitos subscritores, nos jornais. Pagos por todos eles, os subscritores. Foi caro. Não sei se algo de semelhante poderia ser feito.
Que não se limite a questão ao simples local da colocação da placa, mas que se alargue a intervenção para esse reavivar da memória. E apelemos para os nomes conhecidos, alarguemos a amplitude do seu testemunho.Etc.
Saúdo o Jorge Martins pelo que me pareceu uma atitude sensata.
Domingo, 27.Dez.2009 at 03:12:35
Indignação é a primeira mas mínima palavra para o que sinto e penso.
Se o esquecimento é inadmissível, a sobranceria e a brutalidade implícitas na localização actual da placa fazem-me pensar que o vocabulário escasseia para qualificar a situação.
Contem comigo para protestar e agir!
Não se pode permitir que a placa que um “grupo de cidadãos” mandou fazer seja assim retirada!
Não se pode aceitar que não haja um memorial às vítimas da PIDE/DGS, vítimas pela tortura, pela morte e também pelo medo que aquela polícia política entranhou na sociedade portuguesa e pela pequena conivência e a pequena traição que fomentou.
É preciso dar a conhecer o que se passou!
Domingo, 27.Dez.2009 at 03:12:26
Não esperemos todos uns pelos outros. A Luísa, que esteve implicada nos últimos episódios, escreva um mail à empresa, divulgue isto tudo onde puder, etc., etc. Hoje, não fiz outra coisa.
Mas é necessário algo de mais organizado, claro.
Domingo, 27.Dez.2009 at 01:12:22
Caminhos da memória deve também recordar coisas como esta:
CANTATA LOUVOR E PRANTO em memória de Casquinha e Caravela- obra de Filipe Chinita e Manuel Gusmão, Editorial Avante! .
António Maria Casquinha e José Geraldo «Caravela», ambos da UCP Salvador Joaquim do Pomar, no Escoural, foram assassinados a tiros de metralhadora pela GNR a 27 de Setembro de 1979, na herdade de Vale de Nobre (S. Cristóvão – concelho de Montemor-o-Novo), pertencente à UCP Bento Gonçalves. Os responsáveis pelos assassinatos nunca foram conhecidos nem levados a julgamento.
(http://tempodascerejas.blogspot.com/
Domingo, 27.Dez.2009 at 02:12:24
Este blogue não é exaustivo, não pode nem pretende sê-lo – outros terão feito a recensão crítica do livro que cita. Talvez «O Tempo das Cerejas», mas o link que inclui no seu comentário não aponta para nada de específico.
N.B. – Publiquei este comentário embora, rigorosamente, não o devesse ter feito segundo as regras divulgadas neste blogue, já que nada tem a ver com a colocação da placa na fachada da sede da PIDE. Para o que diz, está à disposição dos leitores um endereço de mail. Cumprimentos.
Domingo, 27.Dez.2009 at 09:12:01
Joana,
muitos de nós passaram por aquele tenebroso terceiro andar por defender a liberdade de cada cidadão pensar como quizesse e trilhar o caminho que desejasse, pelo fim do império colonial, pelo bem-estar dos deserdados. Se os proprietários dessa imobiliária gozam dos direitos de, inclusive, especular devem-no ao sacrifício daqueles que por lá passaram, alguns dos quais deixaram ali a vida ou a saúde. Pessoalmente não posso admitir a falta de escrúpulos e a hipocrisia dos proprietários ou dos gestores dessa imobiliária.
Estou solidário consigo, Joana, e disponível para o que for necessário, inclusive financeiramente, para preservar a memória do drama do regime totalitário.
Cordeais saudações,
Armando Cerqueira
Domingo, 27.Dez.2009 at 10:12:54
Tenho como certas duas constatações só aparentemente contraditórias: 1) A imobiliária, pelo seu direito legítimo aos proventos, e os inquilinos do condomínio, pelo seu direito lamentável à ignorância, não devem ser alvos concentrados da indignação perante deleixos, desmemórias e conluios que levaram à lamentável situação de “degradação” do local que foi sede da PIDE, enquanto mero subsistema de um sistema de desleixo-negócio protagonizado por incompetentes com responsabilidades (governos, autarcas); 2) Honrar as vítimas e lembrar os crimes da PIDE sobreleva os direitos antes referidos, porque o direito à memória e à sua história é o direito nº 1 de qualquer povo.
Acho que nos devemos fixar nas propostas concretas, nomeadamente nas sugeridas pelo Jorge Martins e pelo José Eduardo Sousa. Além dos mails de protesto para a imobiliária (já o fiz), sugiro ainda a organização de uma acção mais artesanal e pré-tecnologias modernas, menos moderna mas mais ao estilo daquelas em que os pides apareceriam em força se fosse realizada no “tempo da outra senhora”: a impressão de um panfleto (uma fotocopiadora basta) com uma ou duas transcrições de “tratamentos na AMC” e sua entrega, em acto público, no local, em mão e nas caixas de correio, previamente publicitado, constituído como sendo uma sessão de esclarecimento aos novos condóminos da AMC, através de uma concentração de activistas contra a amnésia.
Contem comigo para o necessário, ainda me lembro como se fazia.
Domingo, 27.Dez.2009 at 10:12:16
Julgo que ainda ninguém lá mora, João, mas vou tentar ter a certeza. Acho a tua ideia excelente, independentemente do sítio em que a placa está ou estará.
Temos de ver, nos próximos dias, quem coordena e quem faz o quê.
Segunda-feira, 28.Dez.2009 at 01:12:25
Eu, que “passei” por essa hidionda sede da pide, antes de me alojarem em Caxias, considero uma provocação nojenta tentarem apagar a memória. A placa deve ser colocado num local perfeitamente visível. Nem que para isso…
Segunda-feira, 28.Dez.2009 at 05:12:30
Contem comigo para a proposta do João Tunes. Porque em Portugal, «perder de vista o passado é um hábito arreigado», como diz o Eduardo Pitta na LER deste mês do excelente artigo «Memória, bufaria», nem a propósito.
Terça-feira, 29.Dez.2009 at 05:12:10
Junto a minha voz à indignação geral e estou solidário com as atitudes conducentes à colocação da placa no local que lhe compete.
Apoio a ideia do Jorge Martins, quanto à criação de um memorial às vítimas da P.I.D.E.
Permitam-me que insira aqui a cópia de um comentário que fiz há uns tempos no blogue CidadaniaLX, a propósito da construção do condomínio no local da antiga sede da P.I.D.E
Raul Nobre disse…
“Fico espantado com a rapidez que tiveram ao demolir o edifício da PIDE. Isto só põe em evidência o empenhamento existente na resolução do problema da falta de habitação para os grupos mais carenciados. Admiro como os proprietários foram sensíveis a esta questão e como os políticos souberam não criar entraves à demolição. Além disso essas histórias da PIDE não passam de pura invenção. Nunca ninguém sofreu torturas de sono ou estátua ou foi agredido ou foi assassinado. As pessoas detidas eram convidadas a prestar declarações, voluntáriamente,com refeições gratuitas e direito a transporte e alojamento também gratuito em Caxias para os que não viviam em Lisboa.Por isso aquela ideia de instalar ali um museu não fazia qualquer sentido. Assim, quando daqui a uns anos se falar nessa coisa da PIDE ninguém saberá o que isso era. Creio mesmo que nunca existiu qualquer polícia política. Acho mesmo que deveria ser proibido empregar essa palavra PIDE. Mas que é isso da PIDE? Qual PIDE? Agentes da PIDE? Inspectores da PIDE? Informadores da PIDE? Onde é que eles estão? Já os viram na rua? Há algum no vosso prédio?Nunca existiram!!! Devia mesmo ser proibido dizer que ali era o edifício da PIDE. Não houve lá nenhuma PIDE. E se volto a ouvir dizer essa palavra PIDE chamo os meus amigos Barbieri, Silva Pais, Rosa Casaco e mais uns tantos e eles tratam-vos da saúde. Levais com a matraca nos dedos dos pés e se continuam a dizer essa palavra (PIDE, PIDE, PIDE) eles vêm lá e arrancam-vos as unhas. É proibido falar na PIDE. Sigam o exemplo dos nossos governantes, dos nossos queridos líderes. Já os ouviram dizer essa palavra PIDE? Muito raramente.E em breve,nunca mais nenhum deles falará em PIDE. A propósito, aquele condomínio é um grande mamarracho.”