Analisámos até aqui apenas figuras militares, que foram com toda a justiça estrelas de primeira grandeza no universo revolucionário. Contudo, o seu protagonismo não é exclusivo e outros haverá, também da parte civil, que se destacam. E, entre estes, tal como acontece com Vasco e Otelo, há uma dupla na qual, por breve tempo, o imaginário da revolução se projectou, e cuja separação tornou o sonho inalcançável.
1. É o caso dos dois maiores líderes da oposição, ambos perseguidos e condenados ao exílio, que regressam triunfalmente ao país, para assumir as mais altas responsabilidades, logo após a vitória militar: Álvaro Cunhal e Mário Soares. Basta recordar o entusiasmo com que foram acolhidos, os paralelismos históricos, as metáforas e ressonâncias míticas que o seu regresso desencadeou no imaginário colectivo. A chegada de Mário Soares de comboio a Sta Apolónia (num claro paralelismo com os dirigentes da 1ª República, ou com Humberto Delgado) chegou mesmo a ser comparada com o regresso de Lenine do exílio em 1917. O comentário de Mário Soares a propósito – «Lenine era um grande homem, eu sou apenas um militante…» – não deixa de contrastar com o papel central que lhe estava destinado desde o primeiro dia.Álvaro Cunhal, não menos simbolicamente, realiza o seu primeiro comício no aeroporto, de cima de um carro blindado repleto de cravos, para o qual foi literalmente lançado mal saiu do avião, numa nítida antecipação do que viria a ser o alfa e o ómega da linha política do partido que chefiava: «Aliança Povo/MFA». E quando lhe perguntaram o que sentia, respondeu simplesmente: «Confiança, confiança no Povo Português!»Também o abraço do seu reencontro, presenciado com indescritível emoção pela impressionante massa humana naquele memorável 1º de Maio de 1974, ficou registado como um brevíssimo momento de unidade entre os dois «inimigos íntimos» (expressão de Mário Soares) que tudo parecia juntar, mas cujas vidas extraordinárias se limitaram a passar breves e cautelosas tangentes.
2. Ambos filhos de oposicionistas ilustres receberam no berço a mesma formação. O pai de Cunhal foi, em 1923, Governador Civil da Guarda, cargo que fora ocupado por João Soares, pai de Mário Soares. Conheceram-se em Lisboa, no Colégio Moderno, onde Cunhal foi regente de estudos de Soares que, por influência dele, aderiu ao PCP. Mas os seus encontros, na condição de exilados e opositores à ditadura, foram marcados por crescentes dissidências políticas e, para além disso, por personalidades inconciliáveis.Juntou-os o «milagre» do 25 de Abril, mas essa comunhão duraria pouco, menos ainda do que a dos heróis militares Vasco e Otelo. Porém, ao contrário do que aconteceu com estes, a separação, apesar de fatal à revolução, não os enfraqueceu nem condenou ao esquecimento. Muito pelo contrário: cada um a seu modo, vão ser referências nucleares do processo de normalização pós-revolucionária.
3. A construção das respectivas imagens, cuja força catalisadora transborda dos dois partidos de que eram líderes incontestáveis para as grandes massas populares, processa-se de forma diametralmente oposta: Cunhal revela um extraordinário instinto dos mecanismos que regem o processo de mitização. A aura de mistério que cultiva com invejável mestria nasce justamente da consciência do risco de erosão e de desgaste que a exposição pessoal sempre provoca. Por outro lado, alimenta as mais variadas e até opostas versões nunca comprovadas, sobre hábitos privados, amizades, aventuras amorosas, gostos pessoais.Emergiu da sombra e apareceu aos olhos do povo português com um rasto mítico feito de coragem, espírito de sacrifício e convicção com que defendeu os seus ideais de sempre, em situações limite como a clandestinidade ou a prisão. E a lenda era apoiada (e até potenciada) por uma figura fascinante, a que nem os adversários eram indiferentes: porte aristocrático, rosto anguloso, farta cabeleira branca, espessas sobrancelhas negras, olhar quase fulminante, dicção estranhamente sincopada, com ríspido sotaque soviético. Tudo contribuiu para que a sua imagem ultrapassasse os limites do Partido Comunista, para se identificar com o próprio comunismo como utopia.
Ao contrário, Mário Soares surpreende pelo excessivo desprendimento em relação a regras básicas da construção mitológica. Com uma auto-confiança e optimismo a toda a prova, representa-se antes de mais a si mesmo, através da presença exuberante, dos gestos largos, mas sobretudo de uma síntese incomum de características opostas: simpático e arrogante, determinado e flexível, emotivo e racional, irritável e paciente, formal e descontraído, espontâneo e calculista. O seu instinto político apuradíssimo sempre lhe permitiu usar cada uma dessas armas de acordo com o momento, sem nunca perder de vista o objectivo, prosaicamente definido: «levar a água ao seu moinho!»
Construiu assim uma espécie de anti-mito, não pela gestão do que se esconde, mas pela ilusão de que tudo se mostra. Ou melhor ainda: que nada há a esconder. Estabeleceu com as multidões um vínculo feito de descontracção e senso comum, que as fez ver nele não a lenda que foi Cunhal, mas o amigo. O slogan Soares é Fixe!, traduz exactamente essa relação de cumplicidade com o homem comum, que nele projecta as próprias qualidades e defeitos. Cunhal, ao contrário, não é adjectivável. É simplesmente (?!) Álvaro para os admiradores e Camarada Álvaro para os militantes do colectivo partidário, onde obsessivamente se integra, a ponto de jamais falar em nome pessoal, mas sempre no «nosso partido» e de nunca permitir colocar a sua imagem em cartazes eleitorais. Condenando o culto, só o reforçava.
4. Entre o histórico encontro do 1º Maio de 1974 e o não menos histórico desencontro de 7 Novembro de 1975, data do último grande debate dos dois gigantes da cena política portuguesa (cuja dimensão mais acentua a enorme distância a que ficam os seus continuadores…), viveu-se em clima de verdadeiro psicodrama o fim do desafio português (versão nacional do euro-socialismo ou do euro-comunismo), dado o complexo de Marx que no dizer de Eduardo Lourenço une e separa, como estranha fascinação, os dois grandes partidos, PS e PCP, à semelhança do que acontece com os seus líderes carismáticos. Complexo de Marx que, se afecta o primeiro de «uma estrutural fraqueza ideológica», instala o segundo num «desdém sereno que o isola e estigmatiza, ao mesmo tempo que o mitifica em excesso». «Odeiam-se como verdadeiros irmãos!» poderia ser o título para uma história (trágica) do socialismo português.
Quarta-feira, 01.Jul.2009 at 12:07:43
Magnífico texto. E um excelente pretexto para conversar
http://agualisa6.blogs.sapo.pt/1498438.html
Quarta-feira, 01.Jul.2009 at 01:07:24
É uma charada para quem ler, mas não resisto e a propósito do que atrás saíu limpo depois de eu ter feito uma salganhada para sair comentário: “Esta mulher, a Joana, é uma engenheira da blogosfera!”.
Quarta-feira, 01.Jul.2009 at 01:07:43
Elementar, meu caro João: o mérito é do WordPress que permite a edição dos Comentários. Assim sendo, corrigi o 1º que tinha mandado em vez de publicar o 2º. Ficou mais «clean»…
Aproveito para louvar o seu post! E pode ser que me meta na conversa – talvez…
Quarta-feira, 01.Jul.2009 at 03:07:15
Há uma questão que não pode ser escamoteada: Álvaro Cunhal lutou contra o fascismo anos a fio na clandestinidade e passou muitos anos na cadeia, enquanto que Mário Soares sempre teve exílios de luxo (Paris, Cabo Verde…) e recrutava outros para a luta armada da LUAR enquanto ele próprio ia esquiar para a Suíça. Depois do 25 de Abril foi aquilo que se sabe, Soares entregou Portugal e as colónias à voragem norte-americana com intervenção directa da CIA, não sendo de crer que Cunhal viesse a transformar o nosso país num satélite soviético porque tinha propostas concretas para o aparelho produtivo nacional que visavam a independência e auto-suficiência.
Cumprimentos republicanos.
Quarta-feira, 01.Jul.2009 at 11:07:30
Olhe que não não foi em Cabo Verde foi em S.Tomé
e sobre isso tem uma certa razão foi um exilio dourado que tenho informações fidedignas 100% sobre esse tema.
Quinta-feira, 02.Jul.2009 at 03:07:57
Estava a tentar descobrir uma boa fórmula para reponder a um outro comentário, este:
Viver Abril foi um privilégio
tanta partilha
tanto amigo em redor
tanta dádiva
tanta festa
tanta cultura oferecida
poesia, canto, dança
tanta flor, tanto amor…
onde pára esta onda que se formou
que caminhos tomou?
onde anda essa alegria que então se vivia?
quem partiu o espelho dos sorrisos de abril?
para dizer a triste evidência, que pára onde nós parámos, nas dissensões incendiadas e incendiárias, no desejo, não de vitória do “nosso” grupo, mas de esmagamento dos restantes, nos golpes, nas lutas pelo poder – faremos mais e melhor quando formos capazes de um pouco menos de ódio e um pouco mais de objectividade – e, já agora, muitas vezes, no carreirismo e na ambição que substituiram as cadeias que dizíamos serem a única coisa que tínhamos a perder, quando li este outro comentário. Acho que, pela contrária, responde ao comentário anterior.
Quinta-feira, 02.Jul.2009 at 05:07:57
A sua resposta é para o meu comentário ou para o do Vermelho?
Se foi para o meu eu mantenho tudo o que disse se quiser esclarecimentos envie um mail que eu respondo.
Quinta-feira, 02.Jul.2009 at 07:07:30
Como todo o animal homem, possuo a vocação natural para estabelecer comparações. A propósito, deixo aqui a do dia.
Este por vezes aparente descuido em matéria de rigor, que Manuela Cruzeiro se permite, e outras vezes mesmo, arriscado envolvimento emocional com o objecto do estudo, é nela uma expressão de elevada inteligência.
Como o foi também, algumas vezes, em Mário Soares.
nelson anjos
Quinta-feira, 02.Jul.2009 at 05:07:31
Tenho de começar por dizer que tenho um enorme apreço pelo labor de Manuela Cruzeiro.
Mas as palavras ou a tensão para lhes dar efeito podem trair qualquer um.
Repare-se na frase final desta citação de Manuel Cruzeiro: «Cunhal, ao contrário, não é adjectivável. É simplesmente (?!) Álvaro para os admiradores e Camarada Álvaro para os militantes do colectivo partidário, onde obsessivamente se integra, a ponto de jamais falar em nome pessoal, mas sempre no «nosso partido» e de nunca permitir colocar a sua imagem em cartazes eleitorais. CONDENANDO O CULTO, SÓ O REFORÇAVA».
Reparando bem na expressão que coloquei em maiúsculas,apetece perguntar respeitosa e cordialmente a Manuela Cruzeiro: se, por absurdo ou acaso da história, Cunhal tivesse feito ao contrário, teríamos de concluir que PROMOVENDO O CULTO, SÓ O ENFRAQUECIA?
Manuela Cruzeiro não o afirma (e até acredito que o não pense)mas temo que não poucos leitores fiquem a julgar que a sistemática e enérgica oposição de Cunhal a quaisquer formas de culto à sua personalidade eram da esfera do cálculo político e não, como eu estou convencido, da esfera das suas convicções genuínas e de um olhar muito crítico sobre outras experiências (o que é patente em passagens diversas de «O Partido com paredes de Vidro», livro publicado em 1985 mas obviamente escrito antes da «perestroika».
Sexta-feira, 03.Jul.2009 at 12:07:51
Respeitando e agradecendo, naturalmente a sua opinião, Gostaria de recolocar a questão: a análise comparativa que faço, não visa os indivíduos concretos Mário Soares e Álvaro Cunhal,mas as imagens que eles construiram (e nós construímos deles) enquanto figuras públicas que moldaram decisivamente os dois grandes partidos da cena política pós-revolução, e continuam a condicionar os seus percursos no presente.
Mais do que figuras públicas, são figuras carismáticas, no exacto sentido que lhes dá Max Weber: ‘energia criadora no seu estado primeiro’. Isto é: Portadores de uma força misteriosa, espécie de dom que certas pessoas têm de desempenhar um papel central de catalização de energias criadoras numa situação específica da comunidade.
O que tentei foi justamente desvendar esse mistério, ou seja perceber quais as características que, em cada um deles serviu para a construção do símbolo. Características opostas e igualmente eficazes. Sendo certo que essa construção depende também ou sobretudo da sua recepção e da capacidade de dar rosto a ideias, projectos, emoções individuais e colectivas que povoam o imaginário colectivo.
O que significa que o símbolo é muito mais e é diferente do indivíduo que lhe dá corpo. E que muitas vezes se constrói mesmo à revelia do seu pensamento e desejos mais íntimos.
Quinta-feira, 02.Jul.2009 at 07:07:49
Uma vez que participo neste blogue, para o qual já escrevi muitos textos, só queria fazer um alerta: cuidado com a instrumentalização da história! ela não serve para lutas políticas do presente! Evidentemente, não me estou a referir ao post da Manuela Cruzeiro, completamente legítimo e que não faz qualquer instrumentalização da História. Dado que os comentadores não estão bem informados, aproveito para esclarecer que Mário Soares não se exilou em S. Tomé. Foi deportado para S. Tomé por medida administrativa do governo (ou seja, de Salazar)! Aproveito trambém para opinar (claro que isto é a minha opinião): não há exílio dourados.
Sexta-feira, 03.Jul.2009 at 06:07:54
Olhe que existem senhora Doutora olhe que existem, e num projecto de história oral que queira fazer sobre esse período da vida do Dr Mário Soares, eu posso dar-lhe as fontes.
Sábado, 04.Jul.2009 at 09:07:59
O meu comentário foi ao comentário assinado Vermelho. Mas aproveito para concordar com a Irene Pimentel: ser deportado não é o mesmo que exilar-se. E não vejo vantagem em discutir a partir de pressupostos errados.
Sábado, 04.Jul.2009 at 09:07:52
Agradeço sinceramente a atenção, a cordialidade e a elaborada resposta que Manuela Cruzeiro entendeu dedicar ao meu comentário anterior.
Julgo que o meu porventurta modesto Q.I. me tenha permitido entender bem a resposta de M.C. que não me suscita nenhum reparo em si mesma.
A questão que mantenho é que um leitor mais ou menos comum lerá a frase «CONDENANDO O CULTO, SÓ O REFORÇAVA» no sentido de atribuir a Cunhal uma intenção subjectiva a que, na sua resposta ao meu comentário, não se vincula.
Assunto arrumado. Não me passaria pela cabeça «crucificar» Manuel Cruzeiro por numa curta passagem de um texto de divulgação não ter conseguido condensar melhor a sua reflexão mais elaborada.
Segunda-feira, 06.Jul.2009 at 06:07:19
Diana concordo consigo, mas tenho lementos que me permitem dizer que a deportação de Mario Soaraes não foi muito dura e que foi uma deportação dourada.
Segunda-feira, 06.Jul.2009 at 06:07:55
elementos
Terça-feira, 07.Jul.2009 at 07:07:17
Algumas interrogações que obviamente só podem ser de leigo:
“… cuidado com a instrumentalização da história! Ela não serve para lutas políticas do presente!” – escreve Irene Pimentel. Ora, parece-me ser facto indesmentível que o têm sido muitas vezes.
Se em vez de dizer “… ela não serve …” a autora tinha em mente dizer “… ela não deve servir …”, o caso é outro. E a minha perplexidade muda de figura. Se “instrumentalização” significar fazer uso como instrumento, não vejo falta de legitimidade para que assim não possa ser. Quantas vezes, por exemplo, o holocausto não tem sido invocado com o objectivo de desmobilizar orientações e militâncias políticas, que se prevê possam conduzir à repetição de situações semelhantes? Ou o gulag estalinista? – ou tantos outros exemplos, em que o homem procura na história indicações para fundamentar orientações em tempos à posterior.
Mas se não foi “instrumentalizar”, neste sentido utilitarista de usar como instrumento, o que Irene Pimentel pretendeu significar com o termo, e sim “manipulação”, no sentido de falsear a narrativa dos factos, ajustando-a à justificação de intentos posteriores, subscrevo o propósito da autora. Mas, ainda aqui, uma coisa é o “ … não serve …” e outra bem diferente é o “… não deve servir …”. E de facto tem servido não poucas vezes. Estou a lembrar-me, por exemplo, da história de Portugal, como me foi contada quando era um jovem estudante.
nelson anjos
Terça-feira, 07.Jul.2009 at 02:07:17
Claro que utilizei o «não serve» de forma coloquial, para significar na realidade: «não deve servir»
Terça-feira, 07.Jul.2009 at 06:07:30
Francisco Cavaco, creio que temos uma divergência de princípio: para mim, uma deportação é uma deportação, quem a decretou deve ser criticado por a ter decretado, quem a sofreu deve ser respeitado por a ter sofrido. Há que não esquecer que não foi tão grande assim o número dos que combateram activamente o regime de Salazar e Caetano. Desses, sabemos que, de um modo geral – sublinho: de um modo geral, o que não quer dizer que fosse um princípio absoluto – os “intelectuais” padeciam menos agressões físicas que os operários e camponeses, os “republicanos” menos que os “comunistas” dos diversos matizes, os “legais” menos que os “clandestinos” e os brancos menos do que os negros. Na altura em que estive presa, o regime prisional em Caxias era considerado menos duro que o de Peniche. Em Maio, um antigo preso angolano que do Tarrafal passou para S. Nicolau, em Angola, explicou-me que este último era muito pior do que o Tarrafal. Devemos então distinguir “mais sofredores” e “menos sofredores” ou honrar todos os que ousaram lutar contra um regime iníquo e por isso pagaram, de diversas formas? Dizer que a deportação de Mário Soares foi “dourada” choca-me – como me chocou, na cadeia, ouvir uma companheira de cela dizer que, no exílio, Cunhal dormia no chão, para não esquecer os sofrimentos por que passava o povo português (o que me pareceu, aliás, um insulto à inteligência dele e à nossa). Em minha opinião, a grande admiração por Cunhal não justificava atribuir-lhe o chão como cama no exílio, como ter por ele maior admiração do que por Soares não justifica desconsiderar as perseguições que este sofreu.
Quarta-feira, 08.Jul.2009 at 06:07:10
É a primeira vez que visito este espaço. Gostei e vou voltar. Vale mais de mil jornais do dia a dia, todos condicionados pelos interesses comerciais.
Sexta-feira, 24.Jul.2009 at 12:07:50
A forma inteligente como os actuais dirigentes revolucionários do PCP actuaram após a morte de Álvaro Cunhal mostra o que Alvaro Cunhal verdadeiramente queria da guarda da sua memória.Para Álvaro Cunhal,mesmo morto, o PCP é um colectivo.E para muitos intelectuais
isto não é entendível.